Continuação e fim


         Este segundo volume, como prometido, reúne os textos selecionados pelo Novo Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro, entre os que, numerosos, lhe foram enviados entre 1901 e 1932. Na realidade, sendo a porta estreita, nem todos terão a honra de ver as suas produções nas páginas do Almanaque que se pretende instrutivo, recreativo e pedagógico. Foram estabelecidas regras. Regras que são lembradas todos os anos. São recusados textos mal escritos, charadas ou enigmas mal concebidos, por conseguinte impossíveis de decifrar, poemas com versos coxos, textos insultuosos ou polémicos … É o Almanaque que decide da publicação deste ou daquele artigo em função da qualidade ou do interesse que representa para o leitor.

 

         Com o passar dos anos, foram introduzidas algumas modificações na apresentação e nos conteúdos da obra. Assim, iremos fazendo o inventário de algumas das diferenças presentes no “nosso” Almanaque na meia centena de volumes - sem falar dos suplementos - publicada entre 1885 e 1900 (de que extraímos a matéria do nosso primeiro tomo e os “magros”!) 31 volumes dos anos compreendidos entre 1901 e 1932.

 

         Porém, antes de mais, uma pergunta permanece sem resposta. Qual teria sido a razão desta interrupção em 1932? Nada a deixava prever. Inesperada, ela permanece inexplicada. Em 1932, um novo director, Armando de Lima Pereira, substitui O. Xavier Cordeiro, que geria havia numerosos anos, a empresa que representa o Almanaque. Este recém-chegado vai ser um diretor coveiro, dado que este ano será o da última publicação.

 

         Armando de Lima Pereira era já um charadista de certo renome. Desde 1927, as suas charadas escritas sob o pseudónimo anagramático de Arierepamil, na sua maioria sob a forma de sonetos, retêm a atenção de outros charadistas confirmados. Ele dialoga com eles por poemas interpostos ou dedica-lhes o seu poema-charada. Assim, em 1929 : Em retribuição ao grande Tertuliano Gondemaga, glória do charadismo português. Ainda em 1929, a direcção pede-lhe que aceite ser juiz do concurso literário do presente volume. Voltaremos mais adiante a este concurso literário que existira nos primeiros anos. Posta de parte durante algum tempo, a ideia dele fora retomada em 1918. O juiz deverá remeter o resultado da sua apreciação numa data fixada pelo organizador, mas suficientemente cedo e a tempo para poder ser integrado no almanaque do ano em curso. É da praxe.

 

          Em 1928, o director da secção charadística, o major José Leoni Palermo de Faria, designado, as mais das vezes, pelas suas iniciais: JLPE, morre brutalmente, aos 45 anos, de sequelas da Grande Guerra. Fora gazeado durante a campanha da Flandres. Armando de Lima Pereira escreve uma sentida homenagem em memória do seu amigo desaparecido, que é publicada nas primeiras páginas do anuário de 1929. Para substituir à última hora este colaborador de qualidade, recorre-se então a Armando de Lima Pereira, também ele colaborador apreciado e, por amável convite da Parceria António Maria Pereira, o charadista é levado a aceitar a direcção da Secção Charadística. Perante a circunstância, ele escreve: Antes de aceder ao honroso convite que os foi dirigido, medimos as grandes responsabilidades que impendiam sobre nós e só por muito amor à Arte Charadística e a esse conceituado anuário aceitamos este difícil quão espinhos encargo. O Almanaque publica, alia também em 1929, duas charadas de Arierepamil. Encontramos igualmente nele poemas deste último não só em 1927, mas também em 1930, 1931 e 1932.